Recentemente, a banda The 1975 anunciou oficialmente o início de uma nova era com outdoors e cartões postais enviados aos fãs. Eles também revelaram que seu novo álbum de estúdio será chamado “Being Funny in a Foreign Language”. Ontem (07), o quarteto finalmente lançou “Part of the Band”, uma música estranha apoiada por violinos que acompanha as reflexões de Matt Healy sobre punhetas imaginárias e um relacionamento ruim com um cara. “Eu costumava gozar na mão dela / Na minha, minha, minha imaginação / Eu estava vivendo minha melhor vida / Vivendo com meus pais”, ele canta no primeiro verso. “Bem antes de fazer penitência e dos propulsores verbais / E do meu, meu, meu cancelamento”. Co-produzida por Jack Antonoff, “Part of the Band” também apresenta vocais de Michelle Zauner, do Japanese Breakfast. Essa canção parece um fluxo de consciência para Healy, enquanto ele canta sobre “baristas que usam bolsa de pano” e “bundas comunistas” antes de refletir sobre sua própria identidade.
“Sou ironicamente militante? / A própria piada? / Ou sou um cara pós-cocaína, mediano e magricelo / Que chama seu ego de imaginação?”, ele canta posteriormente. A música, de fato, apresenta termos como “ejaculação”, “ironicamente militante”, “meu cancelamento” e “Vaccinista”, bem como linhas infames: “Eu gosto dos meus homens como gosto do meu café / Cheios de leite de soja, tão doces que não ofenderão ninguém / Enquanto mancham as páginas da nação”. Em termos de paralelos com o “Notes on a Conditional Form” (2020), eu citaria a flutuante e sonhadora “The Birthday Party” e a radical “Roadkill” como possíveis influências. Barroca em seu arranjo, floral em seu tom, “Part of the Band” brinca com o absurdo só para acabar se deliciando com a normalidade. Abrindo com punhaladas de cordas sombriamente ansiosas, este é The 1975 em sua forma mais orgânica.
Completamente despojada, a banda foi capaz de achar outras formas de expressão. Mesmo quando brinca com o sincero, porém, eles conseguem se desviar para o surreal. Uma música sem refrão que, mesmo em seus momentos mais descontraídos, nunca perde o imediatismo. Liricamente, é realmente sinuosa – às vezes auto-referencial, outras deliberadamente desafiadora. Como primeiro single, é uma canção corajosa ou estúpida – talvez as duas coisas. Sem a neblina recheada de neon, a angústia existencial, os sintetizadores brilhantes ou os riffs dos anos 80 de “Somebody Else”, é uma isca para qualquer um que esperava uma regressão – mas nada aqui parece cimentar um molde para “Being Funny in a Foreign Language”. Com um rock confinado à sucata e um pop totalmente absorvido pela consciência criativa, a falta de expectativa definida é o que faz de The 1975 uma das bandas mais emocionantes da atualidade. Forçá-los a qualquer caixa seria um vandalismo artístico e cultural da mais alta ordem. Abrace o processo; não há regras para o som dessa banda.