O duo ADL (Além da Loucura), de Teresópolis, Rio de Janeiro, anunciou recentemente uma colaboração com o Facção Central, intitulada “Compton Brasil”. ADL é um dos grupos mais ativos do rap nacional e também um dos mais autênticos. Formado pelos rappers cariocas DK47 e Lord, o grupo tem um lirismo penetrante com fortes denúncias sociais. Acima de tudo, é uma das duplas mais focadas em sua missão além da música. DK e Lord estão sempre envolvidos em processos para levantar a sua comunidade e aos poucos fortalecer a favela. O Facção Central, por sua vez, foi formado na cidade de São Paulo no ano de 1989 e alcançou enorme repercussão devido ao forte conteúdo de suas letras.
Sob um som sujo, ambos grupos falam sobre suas cidades de origens. “Isso não é Compton é Brasil / É os gueto, Rio de Janeiro / Isso não é Compton é brasil / É as quebrada isso é São Paulo”, eles recitam no refrão. Aqui, ADL muda um pouco de rumo, parecendo rejuvenescido e confortável na companhia do Facção Central. “Facção e ADL, tudo que o Estado odeia”, Dum-Dum anuncia no primeiro verso. Ambos atos transmitem uma sensação de empatia com facilidade, e parecem pessoas com quem você pode sentar e discutir seus problemas. Produzida por DJ Luiz Só Monstro, “Compton Brasil” aborda temas comuns do gangsta rap, como crime, realidade das ruas e violência das favelas. “Conduta na merma moeda na lei da favela, cês tem que pagar / Tiro na, tiro na cara de algum menino, os puto invadiram o Jacarezinho / isso aqui virou campo de extermínio”, Nino Crewolina cospe sob a produção pesada fermentada pelo baixo, sampler e teclado enquanto DK diz ferozmente no segundo verso: “A vingança meu despertador matinal, nasci no esgoto meus verso é mais sujo que banheiro químico de carnaval”. A batida é desbotada, dourada e fina, e junto com o rap de Lord sugere que “o sol de 40 graus, o clima é Vietnã”. ADL encontra o caminho, como costuma fazer, para dizer algo direto e penetrante.