Uma das faixas mais comentadas e esperados do novo álbum do Orochi foi justamente “City of God” com o rapper americano Trippe Redd, que aproveitou sua passagem pelo Brasil para fazer parte do novo LP do carioca. Produzida por Ajaxx, Galdino e Pugli, “City of God” é espinhosa, luxuriante e inquieta, informada por, entre outras coisas, sons pantanosos e fluxos surpreendentemente ágeis.
Mesmo no mundo frequentemente desagradável do rap do Soundcloud, Trippie Redd se destaca. O rapper de Ohio tem um fluxo suave que é mais influenciado pelo estilo vocal do pop punk de meados dos anos 2000 do que a maioria de seus colegas de profissão. Ele cita Tupac, Young Jeezy, Slipknot, Kiss e Marilyn Manson como suas principais inspirações – definitivamente uma miscelânea de influências. Em “City of God”, Redd parece uma figura amigável, embora forneça linhas como: “É, cara, vocês não podem vir pro Brasil / Grande 14, sou o rei do morro / Na favela, eles estão prontos pra matar / Quando você se aproximar da realeza, se ajoelhe”. “City of God” define uma vibração poderosa e uma mistura satisfatória de cloud rap com trap. Tem um pano de fundo alarmante com sintetizadores e bateria, além de fortes sons de tiros. Seu tom nasal é cativante e igualmente imaturo, mas fez um belo par com o vocal mais grave do Orochi. Os dons de Redd para melodia são realmente corpulentos, compensando a qualidade exagerada da produção. No final das contas, ele parece uma figura complacente, embora “City of God” seja tão opulenta.