Nesta segunda-feira, o rapper Orochi lançou seu novo álbum de estúdio, “Vida Cara”. O projeto conta com 23 faixas e diversas participações especiais, como Trippie Redd, BK, Djonga, Filipe Ret, Baco Exu do Blues e Tasha & Tracie. Esse álbum prova que a vida cara de Orochi também possui suas turbulências. O caos mais recente, após a publicação de vídeos com uma pessoa armada na casa onde fazia uma festa em Búzios, Rio de Janeiro, foi sua detenção temporária por porte ilegal de armas. Essa não foi a primeira vez que ele e um dos sócios da Mainstreet teve complicações com as autoridades. Em 2019, foi detido por porte de drogas e desacato, problema que também se repetiu em 2021. O episódio mais recente serviu também como publicidade gratuita para a promoção do que parece ser o último álbum dele.
Para a terceira faixa do projeto, “Criminal”, ele convidou o baiano Baco Exu do Blues e o mineiro Djonga para uma parceria que reúne três dos principais nomes do rap nacional. Enquanto Orochi manipulou sua voz, “Criminal” é amplificada com samples vocais forrageados. O compêndio da bateria e das cordas, até a incrível harmonização vocal, fazem de “Criminal” uma das melhores faixas do repertório. Como um todo, a música uniu pontos fortes dos três artistas. De fato, é um alívio. Depois de ser libertado da prisão, Orochi retornou aos holofotes do rap mais focado do que nunca. No topo de uma série de acordes melodiosos, “Criminal” examina um novo nível de fama. No irresistível gancho, sobre a produção cintilante de Galdino e RUXN, Orochi diz: “Criminal, criminal, criminal, criminal / Mano, eu nasci desse jeito / A rua me fez ver a vida sem medo”.
Ele parece energizado e, enquanto se gaba de ser “um negro rico com porradão de ouro de 1 quilo”, parece mais perto da satisfação pessoal. Baco Exu do Blues entra em seguida, fornecendo outro rap consistente. “Toda semana um polícia gritando, perguntando se eu me envolvo / Meu dinheiro é igual Cristo, multiplico e divido pro povo”, ele cospe. Em meio a ostentação, ele ainda encontra tempo para castigar os racistas. “Três pretos milionários / Donos do próprio negócio / Isso é raro igual pai presente”, ele tem um ótimo ponto aqui. Anos depois de lançar “Esú” (2017), Baco transformou sua voz em algo mais monótono e lapidado de uma só vez. Djonga, por sua vez, também aborda aspectos da fama e os impactos da sua música na sociedade. “O medo já foi faltar comida / E hoje tem restaurante querendo dar meu nome pro prato”, ele diz. Djonga esculpe seu verso no meio de tudo, canalizando o rap gangsta enquanto rima de maneira extremamente ágil. “Criminal” é um lembrete de que um rap bem escrito e impetuosamente entregue ainda é tão vital quanto qualquer outra coisa no hip hop.