“Não Me Espere na Estação” é o quinto álbum de estúdio de Lô Borges; o LP reforça a parceria de um dos nomes do Clube da Esquina com César Maurício (cantor e compositor que integrou o Virna Lisi e o Radar Tantã). O álbum revela a versatilidade de Lô, em toda a sua trajetória. Cinquenta anos se passaram desde o lançamento de “Clube da Esquina” e “Disco do Tênis”, ambos de 1972. Dito isto, “Não Me Espere na Estação” não se trata de qualquer continuidade daquele som, mas nos convida para uma nova viagem: um repertório urbano e cosmopolita, que poderia ser ouvido ao longo de um trajeto de metrô em alguma metrópole brasileira, como São Paulo ou Rio de Janeiro.
Com canções pulsantes, compostas na guitarra, e passagens revigorantes exaladas pelas letras, faixas como “Brilho do Entardecer” se destacam com facilidade. Aqui, Borges caminha pelos instrumentais de Henrique Matheus e Thiago Corrêa, entre pedais e efeitos de guitarra, percussões e teclados. Apropriadamente intitulada, “Brilho do Entardecer” revela a extrema versatilidade de um camaleão da música brasileira. “Te trago o brilho do entardecer, meu coração / Pra perto do seu bem querer, flor de estação”, ele canta depois de introduzir a canção com cativantes “tchururu, tchururu, tchururu”. Docemente rebelde, Lô nos acompanha em uma viagem de trem sem hora certa de partir, muito menos de chegar. Uma viagem na qual ninguém adivinhará a próxima parada. Como de costume, ele toca acordes como se estivesse dentro de uma cidade ilusória, com riffs acústicos e elétricos cercados por efeitos pungentes. Lô Borges bombardeia a melodia com a guitarra e a bateria quase nuclear, transformando o som desolado em algo genuinamente reconfortante.