Sassyggirl é o projeto da compositora, cantora e DJ argentina Constanza Francese. Ela iniciou sua carreira em 2017 e lançou seu primeiro álbum solo, “Íntima”, em 2021 – um registro que apresentou uma jornada inesperadamente pessoal e emocional. Paralelamente, formou o grupo Stripclab com o DJ Sustancia e colaborou com artistas como Sara Hebe, El Plvybxy, Merca Bae, Cascavel e Tomasa Del Real e Lizz. Nos últimos anos, o neoperreo vem se desenvolvendo fortemente na Argentina. Este subgênero do reggaeton começou a crescer em relevância à medida que os jovens amantes do gênero caribenho em sua forma mais pura o tomavam como referência. Em poucas palavras, são produções que acontecem em um tempo de plena digitalidade, especialmente na segunda metade da década passada, com base musical de um reggaeton “old school”. Assim, surgiram nomes como Tomasa Del Real (a quem se atribui o rótulo deste gênero) e Lizz, do Chile, ou Ms Nina de Córdoba, Espanha, para citar alguns. Mas se você pesquisar na Argentina, uma das primeiras aparições locais do gênero certamente será Sassyggirl.
Em “Gotikeo”, ela mescla o neoperreo e o trap com um humor selvagem, nos puxando para os cantos decadentes de uma boate enquanto se diverte com seus amigos: “Ela me leva para o escuro pela mão / Tal garota gostosa, sua bolsa está cheia”, ela canta. “Gotikeo” repele ritmos clássicos combinados com sons e técnicas da era digital que vivemos: sintetizadores agressivos, efeitos notórios nas vozes, flertes com a música eletrônica, forte pulsação do bumbo e um uso sutil de microsampling para adicionar novos timbres. Tudo isto atravessado por uma aura obscura e nova perspectiva que subverte a lógica do reggaeton. Nesta nova era, a mulher não funciona apenas como uma mera companheira ou musa, ela é colocada no centro das produções e como peça fundamental no desenvolvimento do gênero. No entanto, a versão do beatmaker Sapphir22, que aparece em um novo EP de remixes, também conecta a estrutura rítmica da música com o techno. Outros produtores reformularam a faixa acelerando o andamento; Sapphir22 também faz isso, mas emprega padrões mais sombrios com falas distorcidas. Inicialmente, a voz de Sassyggirl se assemelha a um robô, depois a uma sirene, ao passo que Sapphir22 intercala seus compassos ameaçadores com buzinas e suspiros trêmulos. O resultado é surpreendentemente caprichoso, uma verdadeira vitrine do vasto talento da cena underground da Argentina.