Nicolas Paolinelli, conhecimento simplesmente como Sidoka, é um rapper de Belo Horizonte, Minas Gerais. Considerado um expoente do trap no Brasil, seu nome artístico é uma variação de Dokasi que, segundo ele, em hindi, significa “aquele que traz o que nunca foi visto”. Sidoka lançou sua primeira musica, “The Hall Crew”, em 2015 no SoundCloud. Ele continuou lançando suas faixas na plataforma por um tempo, algumas vezes com o pseudônimo Mike The Lowiez. Seu novo single, “Frank Lampard ;7” – uma referência ao ex-jogador de futebol inglês que se destacou atuando pelo Chelsea – tem uma batida que soa a seis milhas de distância de você. Tudo o que ouvimos claramente são teclas e o estrondo da bateria eletrônica. É audaciosamente nebulosa – e quando ele aparece nesta paisagem escura, se destaca ainda mais.
Inspirada em rappers como Lil Uzi Vert, Lil Yachty e Playboi Carti (os primeiros surfistas do SoundCloud), Sidoka parece um personagem de desenho animado. Mas ele resiste à caricatura total com seu uso liberal de detalhes maníacos. E em “Frank Lampard ;7”, ele canaliza a indulgência de sentidos entorpecidos aperfeiçoados por Future. O refrão niilista (“Todo dia vem jogando pro pai, todo dia vem jogando demais / Tem raiva de mim, mas tem vontade de dar demais”) a princípio relativamente abafado, ganha força depois do primeiro verso. A produção ligeiramente psicodélica dá à indiferença de Sidoka a sensação de um devaneio. Ele é um excêntrico do rap swag, que às vezes prioriza sua estética em detrimento da composição, com um fluxo distorcido e soluçado que ignora a estrutura convencional do hip hop. Suas frases curtas e cativantes se dividem em lugares estranhos conforme ele cospe ideias inacabadas. Definitivamente, há charme na maneira como ele rima.