Já se passaram sete meses desde que The Dare lançou “Girls”, um eletroclash agitado que capturou a festa frenética pós-pandemia que arrebatou a cidade de Nova York. Desde então, Harrison Patrick Smith recebeu indicações de todos, de Charli XCX a Matt Healy e Phoebe Bridgers. Ele se tornou não apenas uma celebridade genuína do centro de Nova York, mas também foi DJ da Gucci em Milão e da Celine em Los Angeles. Portanto, é seguro dizer que o seu novo single tem muito a mostrar. Afinal, tudo sobre Smith deixou as pessoas animadas com o retorno de uma era que muitos de nós havíamos esquecido. “Good Time” é surpreendentemente interessante: ele acerta o alvo com um baixo robusto, chimbais de eletroclash e linhas de sintetizador irregulares. “Ah, vamos lá, vamos apagar as luzes”, Smith repete no verso antes de abaixar a voz para o refrão: “Garota, eu não tenho dinheiro / Você não tem dinheiro / Nós nos divertimos”.
Embora sua abordagem seja mais sombria, as luzes estão apagadas e a música está alta e com falhas; é arrebatadora na forma como te faz sair do corpo. Submeter-se a essa música é saber que ela vai dar conta do recado. É uma emocionante imundície de Smith que, apesar de tudo, se importa com uma música detestavelmente séria. A pressa, a emoção e o êxtase de perseguir uma euforia de curta duração sem se preocupar com o que vem amanhã é uma das características que definem sua vida noturna – e é exatamente esse sentimento que “Good Time” transmite. E se “Girls” – o single dance-punk que ficou na boca de todos os garotos e garotas de Nova York a Los Angeles – foi uma catarse desenfreada, “Good Time” é semelhante a acordar com sua carteira roubada, sua cabeça latejando, uma enxurrada de mensagens no WhatsApp que despertam sua ansiedade e o desejo implacável de festejar por tudo isso. Enquanto “Girls” parecia despertar o apogeu de uma era liderada pelo LCD Soundsystem, “Good Time” é visivelmente mais obscura em sua direção sonora, colocando os potentes vocais de Smith contra uma enxurrada de instrumentos insidiosos.