Breno J.F. Barbosa, ou artisticamente Yung Nobre, é um rapper carioca conhecido como um dos fundadores da então separada Young Fire Gang, ou YFG. Nesta sexta-feira (24), ele lançou um novo single chamado “A.T.E”, produzido por Pepito e Gxrdenx. Com sonoridade pesadíssima, ele fornece uma estética ímpar e suja. Além do fluxo ácido e instrumental insano, a faixa ainda conta com sample de “Shivers”, de Ed Sheeran, recriado por um vocal distorcido em loop. Aqui, Nobre mescla a ostentação clássica do rap com o som marcante do drill – subgênero musical com origem no sul de Chicago. Definida pelo conteúdo sombrio, violento e incrédulo, além de batidas sinistras e perfurantes, “A.T.E” é suavizada pelo refrão cativante de “Shivers”. “Meu assassino ‘inda pula na loja pra buscar uma roupa mesmo foragido / Falei pra ele que um dia dá ruim, agora eu ‘tô mandando grana pro presidio”, ele cospe no refrão.
“A.T.E” apresenta um tipo de produção urgente enquanto lida abstratamente com as realidades desagradáveis e inesperadas das ruas: “Esse neguinho foi falso comigo, eu não tenho remorso, de novo eu atiro / Vivo nas rua’, o coração vazio, eu só tenho amor pelo meu filho”. A mensagem vai além da paranoia pessoal de Yung Nobre; “A.T.E” é tão feroz e discordante quanto qualquer coisa que ele já lançou. Sua voz está raivosa, esfarrapada, ao passo que suas palavras são claras e lapidadas como diamantes. Sua cadência vocal corre ao longo da batida, atingindo-a da mesma forma que um pé correndo atinge o chão – com uma dolorosa sensação de torção muscular. Suas falas cortam tudo, abandonando sua tendência ocasional de preencher versos com sílabas melodiosas. Pode ser sua performance mais focada e perturbadora: “Eles sеmpre falam de mim, só que não saеm na rua à noite / Passo de carro trazendo uma foice, foda-se o Rausch, os NANA e o Rush / Todos os caras que falam de mim são meus fãs, esses putos nunca fazem grana / Por isso que a mina deles me chama, não vou foder sua vadia branca”. Yung Nobre está realmente faminto – um rapper com a ambição de preencher qualquer espaço disponível, de refazer outros estilos de rap à sua própria imagem.