Já faz quatro anos desde que o rapper Rincon Sapiência lançou o seu último álbum de estúdio, “Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps” (2019). Desde então, ele compartilhou diversos singles, embora nenhum tenha se concretizado em um novo registro. Esse hiato, no entanto, parece que vai finalmente acabar, tendo em vista que um novo álbum, intitulado “Um Corpo Preto”, está surgindo no horizonte. Para esse disco, a vida dos negros e negras se proliferam em diferentes reflexões. Com lançamento previsto para 2023, o futuro LP segue uma abordagem parcialmente diferente do seu trabalho anterior, com a chegada do seu novo single, “Xona”. Focando em uma vibe mais romântica e menos ousada, o rapper paulistano reflete sobre momentos quando dois corpos se encontram para dançar e transformam a ocasião em uma celebração amistosa.
Produzida pelo próprio Sapiência, “Xona” é marcada musicalmente pelo afrobeats – uma síntese de diversos subgêneros da música contemporânea da África Ocidental. O afrobeats é muito rico e diversificado por conta da sua base que, embora tenha influência do afrobeat, não é a mesma coisa. Aqui, Rincon Sapiência é alimentado pela mistura de hip hop, dancehall e R&B, enquanto canta sobre um amor simples, clichê e ortodoxo. “Tô querendo ver você / Conto as hora pra te ver / Tanta coisa dizer / Ficar dentro de você”, ele canta no pré-refrão. “Xona” capta a efervescência de uma estação como a primavera. Sapiência encontra o caminho mais curto para expor suas emoções, interrompendo os protocolos do rap com um gancho esguicho (“Tá com saudade, então chama / Me pede mais, então toma / Tô me sentindo cafona / O coração se apaixona, xona, xona, xona, xona, xona”). Embora insinuante, “Xona” parece tímida e suavizada demais – educada de uma forma que não combina com a energia de Rincon Sapiência.