“Now and Then”, o derradeiro capítulo musical dos Beatles, nos leva a uma jornada pelo tempo, uma fusão de passado e presente, encapsulando a essência da lendária banda de Liverpool. Este novo single, resultado de uma colaboração póstuma entre os membros sobreviventes, é um testamento não apenas à sua maestria musical, mas também à capacidade de transcender o tempo. “Now and Then” emerge como uma epifania musical, um reflexo da jornada incrível que os Beatles trilharam desde os anos 60 até os dias atuais. A experiência de ouvir uma nova música dos Beatles, mesmo que envolvida em um contexto complexo, é, em si mesma, uma celebração da duradoura influência da banda.
Avaliar “Now and Then” em relação aos clássicos dos Beatles é uma tarefa árdua. A música originalmente concebida por John Lennon na década de 70 foi resgatada e recriada, com contribuições de Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison. A discussão sobre se ela atinge as alturas dos melhores trabalhos dos Beatles pode ser complicada, pois o legado da banda paira sobre cada acorde. No entanto, é essa ligação com o passado e a tentativa de encerrar um ciclo que tornam a experiência musical comovente. A história por trás da produção de “Now and Then” destaca não apenas a habilidade musical da banda, mas também a fusão da tecnologia moderna com a genialidade artística. A utilização de inteligência artificial para isolar a voz de John Lennon de uma gravação caseira dos anos 70 é um testemunho da busca incansável pela perfeição, mesmo quando enfrentando desafios tecnológicos. A letra da canção, com seus versos simples e melodiosos, reflete uma mistura de nostalgia, afeição e uma certa tristeza. “Now and then I miss you”, ressoa como uma expressão de saudade, não apenas pela ausência de um membro da banda, mas também pelo encerramento iminente de uma jornada.
A simplicidade das palavras esconde uma profundidade emocional que ressoa especialmente para aqueles que cresceram com a música dos Beatles. Ao declarar “Now and Then” como sua última canção, a banda, ou o que resta dela, confronta a dificuldade de dizer adeus a uma era. O uso simbólico da frase “a última música dos Beatles” adiciona peso à faixa, e cada acorde, cada verso, se torna uma despedida. A abordagem não convencional de Peter Jackson para o videoclipe, inserindo versões mais jovens de Lennon e Harrison junto aos membros sobreviventes, cria uma experiência visual intrigante. Evitando o sentimentalismo excessivo, Jackson parece capturar a essência lúdica e irreverente dos Beatles, mesmo quando confrontando o inexorável passar do tempo. “Now and Then” não é apenas uma música; é um monumento, uma síntese de meio século de influência musical. A última criação dos Beatles, carregada de vulnerabilidade e profundidade histórica, fecha um capítulo extraordinário na história da música e da maior banda de todos os tempos. É um lembrete de que, embora o tempo siga em frente, a música intemporal dos Beatles continuará a ressoar, agora e então, na alma de seus ouvintes.