Tassia Reis começa a preparar o terreno para um novo álbum de estúdio. O primeiro single, “Asfalto Selvagem”, destaca a versatilidade da rapper – um misto de canto e rima. Esse é o seu primeiro lançamento desde “Bem Longe do Fim” (2024), EP de três faixas que resultou em canções como “Mais Que Refrão”, uma parceria com Rashid. A paulistana vem trilhando uma carreira cada vez mais ímpar, e seus vocais dão luz novamente a uma forte composição. “Não, não vou calar, não vou correr, nem me sujeitar pra te obedecer”, ela ecoa no refrão. Nomeado com a influência da música “Poema Rítmico do Malandro”, de Zito Righi e Seu Conjunto, o novo single marca discursos sobre a relação de Tassia Reis com Jacareí, município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, no estado de São Paulo.
Narrando a realidade brutal de quem nasceu e cresceu numa periferia, ela também canta sobre o impacto do samba nas ramificações de quem ela é. Com influências de “Jornal da Morte”, de Roberto Silva, além de “Tenha Fé, Pois Amanhã um Novo Dia Vai Nascer” e “A Subida do Morro”, canções do grupo Os Originais do Samba, “Asfalto Selvagem” ainda busca elementos de neo soul, funk e R&B com uma pitada de rock. O instrumental é bem característico e lembra bastante outra canção de Tássia Reis, “Meu Jazz Rap”. O poético samba de “Asfalto Selvagem”, com sua batida mais sinuosa e embasada na batucada, hasteia a bandeira de quem sobreviveu e jamais se calou diante da farsa da democracia racial. A música não é apenas um reflexo das adversidades enfrentadas por quem cresce nas margens da sociedade, mas também uma celebração de resistência e força. O samba, que sempre foi um canal para vozes marginalizadas, ganha novas camadas nessa canção.