Lizzo acabou de inaugurar uma nova era com “Rumors”, o seu primeiro single oficial desde 2019. Ela e Cardi B aparecem no vídeo como deusas adornadas com trajes dourados enquanto a arte é animada em um cenário futurista. As pinturas na cerâmica parecem vivas e lembram o Monte Olimpo. Belas mulheres negras dançam com Lizzo e formam uma espécie de coro grego. Cardi, brilhante e grávida, senta-se no topo de um trono como uma deusa da fertilidade. É um banquete visual irresistível, banhado a ouro, e a prova de que Lizzo não está apenas de volta, desta vez, ela fala sério. Além da melodia de piano, “Rumors” utiliza uma fórmula familiar com sintetizadores, palmas, guitarra elétrica e trompas estridentes. “Se você achou que eu era importuna com minha bunda de fora / Espere até o verão quando me deixarem sair de casa, vadia”, Lizzo questiona os haters com um sorriso no rosto, enquanto Cardi eleva a música com uma sagacidade e irreverência mordazes. Como o título sugere, “Rumors” vê Lizzo confrontando a internet que se apegou a ela desde que conquistou o mainstream em 2019.
Ainda assim, ela é fundamentalmente positiva em sua abordagem. Aqui, a mesma inverte o ciclo de fofocas cantando que “todos os rumores são verdadeiros”. Ela está claramente se divertindo com sua persona pública, mas não se esquece de fazer uma observação séria sobre o escrutínio enfrentado pelas mulheres aos olhos do público. “Passando todo seu tempo tentando derrubar uma mulher”, ela canta no pré-refrão. “Tem merdas mais importantes acontecendo, meu bem, olhe em volta”. Ela também encontra tempo para nos lembrar que “pessoas negras inventaram o rock’n’roll” – uma linha especialmente poderosa vinda de uma artista que se descobriu na cena indie dominada pelos brancos de Minneapolis. Mas “Rumors” não é necessariamente uma música de rock apesar do solo de guitarra choroso. Enquanto isso, Cardi B refere a si mesma como “uma vadia do Bronx com alguns hits”, fazendo pouco caso da polêmica causada pelo sucesso positivamente sexual de “WAP”. “Rumors” se trata de uma mensagem de solidariedade para mulheres negras que se sentem mal com seus corpos, instadas a se conformarem a padrões restritivos de beleza. Musicalmente, encontra um meio-termo entre a salubridade e a obscenidade, entre o sagrado e o profano. Mas a bateria familiar, o baixo e os arranjos ruidosos em torno do refrão criam uma produção trivial.