Nascido em Durban, Caleb Mateus, o artista radicado em Londres, utiliza sua herança sul-africana para para pintar Londres sob uma luz diferente. “Nós, na estrada, presos no momento”, ele canta com uma cadência distinta. Memórias fragmentadas que capturam a natureza sufocante do ponto fraco da cidade são apresentadas com um fluxo intricado. Seja o corte vocal que compõe o instrumental ou o jogo de palavras enigmáticas dos versos, as cabeças se virarão assim que “Moscow” for tocada – um número surpreendentemente vital. Também conhecido como 03CAS, ele habita no mesmo mundo lo-fi de artistas como Voldy Moyo e MIKE, mas tem uma clara singularidade na escrita e nos fluxos desordenados de suas músicas.
Mateus lutou por anos enquanto pacientemente trabalhava em sua arte, experimentando sua voz, sua escrita e sua música, até que finalmente se estabeleceu em um som que parecia fiel à sua visão. Com o incentivo de Scott Smith, por exemplo, Mateus decidiu enfatizar seu sotaque sul-africano ao fazer rap e cantar, ao invés de suavizar. Com o seu primeiro single, “Moscow”, ele percebeu que havia encontrado o que procurava, um som exclusivamente seu, destilado de tudo o que havia aprendido. Quando “Moscow” ficou disponível nos serviços de streaming, Mateus achou a experiência “angustiante”. Então, a música gerou um certo burburinho na internet. Quando a bateria entra em ação, ela parece hipnótica, assim como o órgão que toca de forma distante. Sobre este cenário, 03CAS apresenta versos ocultos que soam mais como poesias segmentadas. O poder de “Moscow” vem do uso do espaço, tanto na letra quanto na instrumentação. Aqui, 03CAS traz algo concreto para o seu mundo abstrato. “Nós dormimos rio acima com rótulas rígidas / Minha maldita alivia essa maldade nos dentes”, ele diz. A narrativa se desenvolve naturalmente enquanto ele toca em seus próprios sentimentos.