Cate Le Bon olha para as telas da televisão através de sintetizadores misteriosos no vídeo de “Running Away”, sua primeira música nova desde o álbum “Reward” (2019). “Não sou fria por natureza”, ela canta, acompanhada pelo saxofonista Euan Hinshelwood. “Mas isso pode me deixar de joelhos”. “Running Away” é o primeiro single do novo álbum da cantora e compositora galesa, intitulado “Pompeii”, que será lançado em 04 de fevereiro de 2022 via Mexican Summer. “Pompeii foi escrito e gravado em um atoleiro de inquietação”, Le Bon disse em um comunicado. “Só em um túnel do tempo. Em uma casa em que vivi há 15 anos. Lutei com a existência, resignação e fé. Eu me senti culpada pela bagunça, mas cheirava fortemente à culpa coletiva imposta pela religião e pelo pecado original”.
“Running Away” é uma canção instável, desorientadora e assustadoramente divertida, impulsionada por teclados pastosos e um saxofone eletrificado. Isso me lembra do estranho art pop de Brian Eno e os cantos mais peculiares do pós-punk e do new wave. Sem dúvida, os vocais são adornados pelo cansaço, e possuem um tom obscuro. Aqui, Le Bon exerce aquele poder mágico, esculpindo um mundo enigmático, mas também estranho e não identificável. É um mundo surreal para se perder. A indisciplina e a obliquidade da galesa só aumentaram desde o garage rock agudo e o folk desequilibrado de seus primeiros álbuns – “Running Away” é uma progressão brilhantemente insurgente de tudo isso. Le Bon co-produziu a música com seu colaborador de longa data Samur Khouja – ela toca todos os instrumentos, exceto a bateria e o saxofone. Seu som de marca registrada está em plena exibição aqui – os sintetizadores, as guitarras e as trompas luxuosas também marcam presença. Mas no centro do palco está Le Bon, cujas letras surrealistas chamam nossa atenção imediatamente. “É a coisa mais doce / Que você nunca teve”, ela observa. “Você não pode abraçá-lo / Não está mais lá”. Os detalhes não são tão claros, mas a emoção por trás do lirismo é tangível.