Nascida e criada em Uberlândia, Minas Gerais, Urias fala sobre representatividade com lugar de fala. Os olhares maldosos que recebia na época de colégio, a perseguição nas salas aulas e o estigma de “criança diferente”, aos poucos foram constituindo uma postura de enfrentamento e refletindo em sua arte. Como modelo, ela participou do São Paulo Fashion Week e estampou a capa da Glamour Brasil em 2020. Sua incursão pela moda a fez ser escolhida como uma das embaixadoras latino-americanas da marca Adidas. Acostumada a cantar em situações informais e nas reuniões entre amigos, Urias foi intimada pelo preparador vocal Diego Timbó a mostrar sua voz. Impressionado com a afinação e clareza de Urias, Timbó a incentivou a gravar. Despretensiosamente, a mineira fez alguns covers. A forma como ela cantava foi gerando interesse até chegar aos ouvidos dos produtores Rodrigo Gorky e Arthur Gomes que logo começaram a produzi-la. Era o início de uma jornada de autoconhecimento artístico. A carreira de Urias ganhou forma e profissionalização. Agora, acostumada ao título de cantora, ela sabe aonde deseja chegar.
Se nos projetos anteriores Urias aparecia mais poderosa, no videoclipe de “Foi Mal”, lançado nesta terça-feira (23), ela está mais vulnerável. O objetivo é retratar um amor que não deu certo, um relacionamento que terminou em solidão. Dessa vez, ela apostou em um vídeo intimista em preto e branco, mas sem deixar a sensualidade de lado. “Foi Mal” integra o álbum que será lançado ainda no primeiro semestre de 2021. Quem esperava por uma possível continuação do hyperpop de “Racha”, vai encontrar uma sonoridade completamente diferente aqui. “Foi Mal” possui batidas de R&B, melodias nostálgicas e uma forte influência dos anos 80 – uma mistura de passado e presente que ganha mais força com as letras. “Reciprocidade zero / Não sabe como dói o seu olhar sincero / Tudo que eu fiz foi pra te proteger de mim / Chegamos nesse fim / Que fim, foi mal”, ela canta sob camadas de sintetizadores e guitarras empoeiradas. Liricamente, a canção revela um eu-lírico pautado pelo egoísmo, que se nega a viver plenamente o que sente em detrimento de interesses maiores. Ademais, “Foi Mal” faz parte do projeto “Black Voices” do YouTube, uma iniciativa que reúne artistas pretos do mundo inteiro para compartilhar suas narrativas.