Um filme produzido em Moçambique, baseado no livro de um escritor angolano, foi o ponto de partida para “Miçanga”, música que o BaianaSystem acaba de lançar junto com Antônio Carlos & Jocafi. Parceiros em algumas das principais faixas do álbum “O Futuro Não Demora” (2019), eles se reencontram agora em uma canção marcada pelos arranjos e guitarras. Antes mesmo da axé music da década de 80, o Brasil conheceu o talento de Antonio Carlos & Jocafi. A dupla baiana ganhou expressão nacional na primeira metade dos anos 70 com outro tipo de axé. Antônio Carlos Marques Pinto e José Carlos Figueiredo conquistaram o Brasil com um samba baiano e algumas músicas influenciadas pelo Candomblé. Esquecidos durante a década de 80, a dupla mergulhou na última década nas águas do BaianaSystem – Russo Passapusso tem a dupla como referência musical.
Sua conexão com Antônio Carlos & Jocafi rendeu colaborações em músicas como “Água” e “Salve”. Produzida pelo próprio BaianaSystem, “Miçanga” teve a pós-produção e mixagem de Daniel Ganjaman, produtor dos dois últimos álbuns do grupo. É o segundo single lançado após o citado álbum vencedor do Grammy Latino, “O Futuro não Demora” (2019). O piano e o baixo têm uma presença de destaque, enquanto o trompete e a guitarra reforçam a sonoridade inconfundível do BaianaSystem. Enquanto Passapusso conduz os arranjos vocais, a percussão ficou a cargo de Ícaro Sá. De fato, “Miçanga” se banha no mar do samba com um suingue pautado pela guitarra baiana e pela latinidade do piano – é praticamente uma versão futurística do axé produzido pela dupla na década de 70. Liricamente, o BaianaSystem também aproveita para cantarolar a tradicional cantiga marinha “Caranguejo não é peixe, Caranguejo peixe é”. “Miçanga” é como uma brisa praiana que amortece o calor do sol enquanto traz à tona o som da dupla Antonio Carlos & Jocafi.