Quem vai ao show da Maglore sempre se surpreende. A banda baiana consegue transformar qualquer palco em um happy hour entre amigos. Essa proximidade com o público é uma das explicações para tamanha admiração dos fãs por Teago Oliveira, Lelo Brandão, Rodrigo Damati e Felipe Dieder. A Maglore produz músicas que vão do pop e MPB ao rock psicodélico, e oferece influências de Caetano Veloso a Wilco. “Eles”, o terceiro single do quinto álbum da Maglore, transita por momentos de festividade e debates políticos. Produzida por Leonardo Marques e escrita pelo vocalista Teago Oliveira, é uma canção sonoramente enervante e liricamente afrontosa com linhas direcionadas à sociedade e ao governo. “Reivindicaram nossa proteção / Mentindo sobre a própria criação / Do seu sistema podre de cifrões / Tanta miséria”, Teago canta sombriamente. “Eles, eles não tem chance, não / Eles não entendem o que são”. Há versos sobre a decadência da humanidade, a deterioração do meio ambiente, a corrupção e ao fatídico governo Bolsonaro. Guiada pela força da guitarra elétrica, do baixo e da bateria, “Eles” é provavelmente o single mais potente lançado pelo banda em 2022. Influenciado por atos como The Velvet Underground, The Stooges e Pixies, o arranjo é incrivelmente encorpado e robusto. “V” será o primeiro álbum de estúdio da Maglore desde o “Todas as Bandeiras” (2017), disco com repertório mais pop lançado há quatro anos.
Review: Maglore – Eles
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