Na cena hip hop japonesa, o domínio masculino é muito evidente, tanto em termos de artistas mais promovidos quanto do próprio estilo de rap. Valknee reverte isso incorporando influências estéticas e sonoras de subculturas icônicas, tipicamente japonesas em sua música: o gyaru, a cultura teen Harajuku, o j-pop e o eurobeat japonês dos anos 90. Ela começou a fazer rap na faculdade e lançou o seu primeiro EP, intitulado “FIRE BAE”, em colaboração com o beatmaker ANTIC. Com sua música, valknee demonstra que doçura não significa fraqueza. Nos últimos anos, ela ajudou a formar o Zoomgals, um coletivo formado por mulheres e artistas de gênero não-binário que se uniram com o intuito de se apoiar.
Sua colaboração com hirihiri, um dos principais nomes do hiperpop do Japão, lhe motivou a explorar batidas ainda mais cintilantes. Em seu último EP, “vs.”, ela cultivou o hiperpop com músicas de alta octanagem que exploram gêneros como eurodance e house. Em “YAY”, o destaque do EP, valknee se entrega a toda e qualquer batida. É uma canção dançante com versos brincalhões, onde ela usa frases temáticas de Pokémon enquanto enfia comida de bufê em sua bolsa da Gucci. A produção faz você vivenciar de perto os eventos cultivados pela rapper. Mas isso também deixa aparente o desespero por trás de suas palavras. “Vou tocar a vida até morrer”, ela repete enquanto a batida instável abafa o lirismo. Dito isto, o refrão titular parece mais sarcástico do que convincente, especialmente quando entregue com o seu sotaque carregado.