Lançados na sombra de um comercial de telecomunicações hackeado que foi ao ar durante o Super Bowl na noite de domingo, os singles “TEXAS HOLD ‘EM” e “16 CARRIAGES” servem como um suposto pivô de Beyoncé em direção à música country, uma transformação criativa que devemos esperar ouvir na íntegra em seu novo álbum, provisoriamente intitulado “Act II”. Já existiam sinais de que o “RENAISSANCE” (2022) poderia cruzar com a música country. Beyoncé andava a cavalo, embora coberto de vidro espelhado e suspenso no ar, e usava um chapéu de cowboy com uma lingerie de estilo semelhante. No Grammy da semana passada, ela usou um Stetson e um terno inspirado em cowboys. “TEXAS HOLD ‘EM” é a música mais suave e animada das duas. Feita com um violão, um órgão e uma seção de cordas, “16 CARRIAGES” é mais lenta, mais solene. Embora Beyoncé se concentre mais nos desafios que enfrentou com as figuras masculinas em sua vida, ambas canções contam histórias diferentes.
Dito isto, “TEXAS HOLD ‘EM” parece uma releitura de “Daddy Lessons” de 2016, uma música sobre as dores de uma infância desafiadora. É sobre dançar alegremente em um bar com o acompanhamento do banjo da musicista Rhiannon Giddens. Com Raphael Saadiq como produtor, “TEXAS HOLD ‘EM” reúne mundos sonoros paralelos que muitas vezes se sobrepõem, apesar da segregação comercial. O bumbo soa como a colisão de átomos de gospel, soul e country, enquanto ela bate os pés, assobia e conecta a música africana com as festas texanas de seu estado natal. Essa canção é a engenharia reversa de Beyoncé usada para um arco maior onde ela celebra o legado de artistas negros. “RENAISSANCE” (2022) homenageou a história da club music, onde negros homossexuais encontravam espaços seguros. O empoeirado bar honky tonk não é tão diferente de uma balada suada, onde Beyoncé tenta conectar cultura e raça. “TEXAS HOLD ‘EM” lembra músicos negros como Ray Charles e Louis Armstrong, que redefiniram o gênero country em meados do século XX. Mas aqui, ela utiliza o banjo para um significado mais profundo. Tudo soa como um passeio a cavalo por uma longa e sinuosa estrada de terra.