O pianista pernambucano Amaro Freitas está preparando um novo álbum de estúdio, fruto de sua viagem à Manaus e a conexão com comunidades daquela região. A capa, mergulhando em águas avermelhadas, reflete a paixão do artista pelos rios do Norte do Brasil. O ambiente criado por ele vai te colocar dentro da floresta e oferecer uma nova perspectiva da vida. Sua admiração pela natureza exuberante do Amazonas levou-o a um novo reino de criação musical, enraizado na magia e nas possibilidades de novos sons, temperado por uma ligação à comunidade indígena Sateré Mawé.
Na faixa-título do álbum, “Y’Y”, que conta com a participação de Shabaka Hutchings na flauta, ele ecoa vocalizações carregadas que ressoam como cantos antigos. O flautista assume a liderança com um ritmo baseado no som de sua respiração enquanto ele serpenteia pelas notas de baixo de Amaro Freitas. Hutchings anunciou que estava trocando seu saxofone pela flauta há menos de um ano, mas o solo que ele apresenta aqui seria extraordinário até mesmo para um profissional experiente – é tecnicamente impressionante e emocionalmente aberto, passando da solidão à graça. Quando Freitas encontra alguns acordes gospel e os coloca nas costas de Hutchings perto do final, a sensação de alívio apenas amplifica a dor no centro da canção. É uma das grandes epopeias compostas por Amaro Freitas em sua jornada que mistura descoberta, autoconhecimento e uma forte homenagem aos momentos de vulnerabilidade em que vivem os povos indígenas. “Y’Y” cria uma conversa artística ao unir tradições de todo o mundo, enquanto permanece enraizada nos sons e rituais das culturas afro-brasileira e indígena.