Nessa sexta-feira, Katy Perry finalmente retornou com um single inédito: a tão badalada e discutida antes mesmo de ser lançada, “WOMAN’S WORLD”. É o primeiro vislumbre do seu primeiro álbum em quatro anos, “143”, que chega em 20 de setembro (mesmo dia em que ela se apresenta no Rock in Rio). Em 10 de julho, Perry revelou oficialmente “143” com a sua capa divina. Essa sequência de números forma um código para “I love you”, frequentemente usado no início da década de 90 em mensagens enviadas em pagers. Embora o retorno de Katy Perry estava sendo altamente esperado, também gerou polêmica após a notícia de que Dr. Luke (Lukasz Gottwald) era um dos produtores do single. Depois do lançamento do álbum “PRISM” (2013), Perry optou por parar de trabalhar com ele até que sua disputa legal com Kesha fosse resolvida. Luke negou as acusações de agressão sexual e respondeu por difamação, alegando que Kesha, sua mãe e seu empresário fabricaram as acusações para escapar do contrato de gravação que ela havia assinado com ele. Em 2016, um juiz rejeitou as alegações de Kesha. Ela também acusou Luke de estuprar Katy Perry, mas ambos negaram, e em 2020 um juiz decidiu que esses comentários eram difamatórios. Em 2023, Luke e Kesha entraram em um acordo.
O caso foi resolvido sem condenação, mas a associação de Katy Perry com Dr. Luke não foi positiva. Com certeza, ela não é a única artista que trabalhou com ele desde que Kesha o processou. Seu nome (e seus vários pseudônimos) podem ser encontrados espalhados pelos créditos do álbum “Planet Her” (2021), de Doja Cat, “Pink Friday 2” (2023), de Nicki Minaj, e do catálogo inteiro de Kim Petras. Com 2 minutos e 43 segundos, “WOMAN’S WORLD” é uma música de fácil digestão que explode com uma energia que lembra os anos 2000. É um dance-pop eufórico repleto de declarações inspiradoras e vibrações positivas. “É um mundo feminino e você tem sorte de viver nele”, Katy Perry insiste no refrão. É uma canção tecnicamente sólida e até robusta. A batida em si é um exemplo clássico do dance-pop com o seu baixo borbulhante, forte bateria e sintetizadores pulsantes. No entanto, fica liricamente presa a um vago empoderamento feminino: “Sexy, confiante / Tão inteligente / Ela é uma dádiva de Deus / Tão gentil, tão forte”. Não é cafona, mas é óbvia demais.
No videoclipe, Katy Perry está sendo claramente sarcástica. Ela se apresenta como uma versão de Rosie, a Rebitadeira, a figura simbólica dos esforços das mulheres durante a Segunda Guerra Mundial que desde então se tornou um ícone do empoderamento feminino. Como Rosie, ela trabalha em um canteiro de obras ao lado de mulheres transsexuais e dança usando um biquíni com a bandeira americana antes que uma bigorna a esmague. Mais tarde, ela revive como uma ciborgue sexy, anda por ruas pós-apocalípticas com suas pernas mecânicas, enfia um bico de gasolina no glúteo, anda num caminhão monstro ao lado da influenciadora Trisha Paytas, com um útero deslumbrante pendurado no para-choque, e rouba a ring light de uma tiktoker como um símbolo de Vênus, antes de se pendurar na lateral de um helicóptero. Esse é mundo de Katy Perry e temos a sorte de viver nele.