A faixa de destaque do novo álbum da Solange Knowles, “Almeda”, poderia tematicamente pertencer ao “A Seat at the Table” (2016) – embora a mensagem de amor seja abstraída por sintetizadores aquosos. Podemos notar algo de especial quando ela aborda suas raízes afro-americanas – a música também possui vocais de The-Dream e Playboi Carti.
Os três contribuíram com as letras da canção, enquanto a produção ficou a cargo de Pharrell Williams, John Carroll Kirby e N. Cobey. Playboi Carti teve a sorte de compartilhar um verso com a Solange, enquanto The-Dream ficou responsável pelo refrão (“Estamos curtindo por aí / Nós apenas estamos sentamos de boa por aí / Nós apenas estamos sentados aqui fumando e ficando loucos”). Aparentemente, o título faz referência a uma área de Houston, Texas, cidade natal da Solange. Assim como fez em “A Seat at the Table” (2016), ela celebra a cultura negra na maior parte de “Almeda”.
“Pele negra, tranças negras / Ondas negras, dias negros / Ficantes negros, coisas negras / Esses negros são donos de coisas / A fé negra ainda não pode ser lavada / Nem mesmo na água da Flórida”, ela canta. Em meio aos fragmentos musicais tentadores, “Almeda” é uma fera diferente: uma peça poderosa com um claro subtexto político. Podemos vê-la afirmando que nem mesmo a “florida water”, que dizem ter efeitos espirituais e de cura, pode lavar suas raízes afro-americanas. Quando Playboi Carti aparece, ele tem algumas contribuições próprias. “When I Get Home” (2019) tem outras joias escondidas no seu interior, mas “Almeda” toca com uma alquimia especial em tudo que parece banal. É um tributo nebuloso e incitador à uma técnica de remixagem do hip hop, mais conhecida como “chopped and screwed”.
Enquanto isso, Solange recita uma longa lista de coisas pretas e marrons principalmente sobre uma linha de baixo em expansão. Mais tarde, tanto Carti quanto The-Dream entregam versos que combinam com a produção relaxada. A percussão sintética vibra sob a canção, ao passo que Solange canta sobre as coisas que pertencem aos negros. Seguindo esse pensamento, outras pessoas podem tentar imitá-los, mas nunca poderão se apossar do que nunca realmente pertenceu a eles. Em outras palavras, “Almeda” é musicalmente maravilhosa e liricamente estimulante; uma verdadeira homenagem para a cultura negra e suas tradições.