Tame Impala, o amado projeto do Kevin Parker, lançou mais um single essa semana. “Borderline” apresenta uma nova profundidade em sua assinatura atmosférica e talvez até indique uma nova maturidade sonora. O que não quer dizer que seu som tenha sido atrofiado com o tempo: sua sensibilidade alucinatória permanece intacta, encabeçada pelos vocais do Parker e pela produção obsessivamente restrita. A música do Tame Impala foi feita para dias ensolarados, e o novo single não é diferente. Polvilhada com linhas de baixo e batidas de bongô, a faixa também apresenta uma mistura espessa de sintetizadores. Outro destaque é a voz do Kevin Parker – fresca e emotiva, capaz de transmitir emoções completamente reais. “Eu serei conhecido e amado? / Há alguém que eu confie?”, ele pergunta no refrão enquanto salta habilidosamente entre notas altas e baixas como numa conversa consigo mesmo. Isso dá à música um sentimento de saudade, ansiando por essas perguntas serem respondidas em uma espiral de grossos sintetizadores. As letras também são cheias de incerteza, com a ponte consistindo inteiramente de frases intimistas – um terreno familiar para o Tame Impala.
Inicialmente, a carreira do Kevin Parker foi fortemente inspirada pelos Beatles, e ele mostra respeito ao guitarrista George Harrison quando canta: “Grite para o que está feito / Descanse em paz, aí vem o Sol / Fui um pouco longe / Desta vez, com algo”. Aparentemente, ele está se referindo a duas músicas escritas por Harrison (“Here Comes the Sun” e “Something”). “Borderline” começa onde a disco music de “Patience” parou, e continua implementando sua entrega psicodélica e sonhadora. Ele cria visualmente uma viagem sem a influência de substâncias e você flutua nesse estado expressivo de sua mente. Mas “Borderline” ainda está um pouco longe do rock psicodélico de seus dois primeiros álbuns e do synth-pop cintilante do “Currents” (2015). Bateria, piano elétrico e baixo borbulham sob um som que fica em algum lugar entre o chamber pop e o funk. “Patience” buscou uma compreensão da passagem do tempo e um equilíbrio com tal incerteza, mas “Borderline” leva esse medo ainda mais longe. É uma mudança estimulante que só torna a perspectiva do seu novo álbum mais atraente.