Em 2016, todos estavam cantando o pop otimista de “CAN’T STOP THE FEELING!”, um dos grandes sucessos de Justin Timberlake – lançado como principal single da soundtrack de “Trolls”. Porém, nesse exato momento, o clássico ícone do início dos anos 2000 desapareceu e foi substituído por um artista sem graça. No mês passado, ele lançou um trailer para o álbum “Man of the Woods” (2018) com sua esposa Jessica Biel, prometendo um projeto que “sente-se como as montanhas, árvores, fogueiras e o Oeste selvagem”. Entretanto, o primeiro single, intitulado “Filthy”, não soa com nada disso. Pelo contrário, é uma música futurista e completamente robótica. Os produtores são Timbaland e Danja, velhos parceiros do ex-líder do *NSYNC – portanto, não é surpreendente ver que “Filthy” pareça uma sobra descartável do “FutureSex/LoveSounds” (2006). Ademais, possui uma produção reminiscente de qualquer coisa que o Neptunes já fez antes.
Essa música se refere a duas coisas: haters e trazer de volta sua sensualidade do passado. Embora lembre o “FutureSex/LoveSounds” (2006), não possui melodias poderosas como as de “SexyBack”, por exemplo. Liricamente, é uma canção fraca que consiste apenas em um gancho que diz: “Os invejosos dirão que é falso”. Musicalmente, é uma faixa de electro-funk e R&B que tenta prestar alguma homenagem ao Prince. Depois de começar com um gancho de guitarra elétrica e pancadas de bateria, ela depende do ritmo exalado por uma linha de baixo distorcida, que arrasta-se por quase 5 minutos de duração. O riff de guitarra, que aparece de vez em quando, exala um ar oitentista, mas poderia ser preenchido por melodias melhores. A batida é tão futurística e robótica que chega a ser irritante. Mantendo o ritmo com sintetizadores sutis, o instrumental mal consegue jogar a favor de Justin Timberlake. Em suma, “Filthy” é tão super-produzida que, juntamente com os vocais mistos, não consegue fazer uma legítima homenagem ao Prince. O caro videoclipe, por sua vez, o lança como um possível Steve Jobs apresentando um androide giratório sob aplausos – com um toque de ficção científica no final.