Sempre houve uma desolação no trabalho da Kim Gordon – ex-baixista, guitarrista e vocalista da banda Sonic Youth. Consequentemente, podemos encontrar a mesma angústia em “Sketch Artist”, o início de sua estreia solo. Depois de passar pelo no wave do Sonic Youth; a expansão improvisada do Body/Head, sua dupla experimental com Bill Nace; e o frenético abandono do Free Kitten, sua colaboração com Julie Cafritz do Pussy Galore; Kim Gordon está se preparando para divulgar o “No Home Record” – seu primeiro álbum de estúdio solo.
A instigante “Sketch Artist” começa com um melancólico corte de guitarra e intrigantes sons orquestrais, mas é rapidamente superada por espasmos industriais. Você não percebe o quão opressivo o som é, até a metade da música; a natureza industrial cai e é substituída por uma atmosfera suave. E permanece dessa forma: alternando agressivamente entre sons industriais e melodias delicadas. Quando seus arranhões estáticos se desenrolam em um devaneio sonhador, é como se o ecletismo da Kim Gordon retomasse exatamente de onde parou anos atrás. Em termos líricos, seu estilo fica entre o enigmático e obtuso. “E os sinos de vento tocam / E seu olhar morto ataca”, ela murmura enquanto um estrondo distorcido rasga suas palavras. Essas imagens são como insumos, que ela corta e reconfigura em novos arranjos. “Você é um mistério, como um cavalo”, ela descreve alguém em particular. Em “Sketch Artist”, Kim Gordon não luta contra o barulho que envolve sua musicalidade – em vez disso, aceita a inquietação. Uma exploração sônica penetrante que te desafia a questionar seus termos líricos.