Em seus quatro álbuns solo, o ex-membro da banda Woods and the Babies ocasionalmente cantou sobre temas espirituais. Além disso, poucas vezes utilizou vocais de apoio gospel e instrumentação com metais e percussão. “Nothing Sacred / All Things Wild”, o segundo single do seu próximo álbum de estúdio, “Oh My God”, deixa espaço para o ouvinte se deleitar com suas pequenas nuances. Aqui, Kevin Morby aborda um conceito divino quase que diretamente, e a ausência de suas batidas acústicas habituais permite que ele trabalhe com outros instrumentos, como congas e órgãos. No vídeo que acompanha, que começa em uma estufa, Morby fornece uma ambiguidade sedutora quando murmura: “Azul amargo, verde amargo / Amargo você, amargo / Desculpe-me por envenená-lo com minha música / Estou me desculpando agora, mas não vou me arrepender muito”.
O estranho vídeo apresenta imagens de crianças do ensino fundamental e jogadores de futebol, misturadas com as de Morby (às vezes fotos em preto e branco) e, aparentemente, tem um mensagem ambiental. Um comunicado à imprensa diz que o clipe “é uma exploração lindamente construída do tempo oscilante”. Além disso, explora a juventude e a realidade efêmera da natureza – um retrato exuberante que mistura maravilhosamente as linhas da fantasia e o mundo perceptível. Observamos como crianças plantam e cultivam suas próprias mudas, alheias aos paralelos entre os ciclos de vida dos brotos e os delas. Harmonias femininas e saxofones agudos pisam no mesmo território de obras de Van Morrison – embora os vocais falados do Kevin Morby continuem sendo sua maior limitação. A música gira nitidamente sob o título, conforme ele repete “todas as coisas sagradas, nada é selvagem”. Visto como um comentário sutil sobre a mudança climática ou o fracasso da humanidade em interromper o processo de aquecimento global, “Nothing Sacred / All Things Wild” é um lembrete enganosamente pacífico: o verdadeiro conceito está nos detalhes.