Com “Joytime II”, Marshmello não mostra qualquer evolução e simplesmente fornece um pacote de canções chatas e sem brilho.
O aguardado segundo álbum do produtor anônimo Marshmello – cuja identidade é de Christopher Comstock – foi lançado em 22 de junho de 2018. O conceito do álbum, sem recursos de qualquer convidado, é “um flashback para o material original”, como o próprio compartilhou abertamente com os fãs uma semana antes do lançamento. “Joytime II” é de fato uma ode para o começo da carreira do DJ americano e, em grande parte, espelha a sensação do seu primeiro registro. A indústria da música está, sem dúvida, mais saturada do que nunca, o que torna cada vez mais difícil para os artistas conseguirem algum impulso. A chave é ser notado e construir esse sucesso como o Marshmello fez. O DJ misterioso ficou conhecido por se apresentar com uma máscara de marshmallow que esconde sua identidade (algo muito parecido com o deadmau5 e sua máscara de rato). Desde que seu nome tornou-se conhecido, ele vem percorrendo o circuito de festivais e realizando shows pelos Estados Unidos. Dito isto, seu álbum de estreia, “Joytime” (2016), era um registro de tropical-house com loops muito repetitivos. Honestamente, era é um material bem chato. E isso nos leva diretamente para o “Joytime II”. Depois de ouvi-lo, a sensação que eu tive foi ainda mais amarga. O Marshmello vem conquistando a indústria desde o remix de “Where Are Ü Now”, do Jack Ü.
Depois de lançar sucessos mundiais como “Silence”, “Wolves” e “FRIENDS”, ele se tornou um dos DJs mais requisitados do mainstream. Enquanto um ar de mistério continua cercando o homem por trás da máscara, não há dúvidas que ele sabe como criar hits em potencial. Mas ouvir esse álbum é uma experiência meio entediante. Embora ele se esforce para adicionar ganchos cativantes, ele não tem alguém como Selena Gomez ou Khalid para se apoiar. Com alguns convidados de destaque, talvez algumas músicas fossem um pouco melhores. Do começo ao fim, somos bombardeados com melodias jubilantes e a assinatura sonora do Marshmello. Não se surpreenda se você for apresentado a uma linha de baixo que faz com que você dê um passo para trás, porque ele espalhou várias coisas assim no repertório. Tudo somado, é uma continuação previsível do primeiro álbum. Todo mundo sabe que o universo EDM tem produzido uma enorme quantidade de músicas genéricas. E o Marshmello entra nesse círculo com grande força, uma vez que não negligencia os clichês do gênero. Os sintetizadores soam incrivelmente efervescentes, entretanto, a maior parte do repertório não atinge seu objetivo e provavelmente só vai servir para enlouquecer a multidão de algum festival.
O EDM teve seu auge no início da década, mas mesmo que o seu domínio cultural tenha levemente desaparecido, ainda há muitos DJs no topo das paradas de streaming. Mas a diferença entre o EDM de hoje e as músicas inovadoras do passado, é que os astros parecem pouco inspirados. Parece que agora o EDM só serve para lucrar e alimentar o ego dos artistas, em vez de homenagear a rica história do gênero. Assim como o Skrillex, o Marshmello costuma usar baixos pesados e linhas de piano em suas músicas. No entanto, analisando todo o repertório, é muito difícil você ficar animado com o que ouve. Tudo é tão genérico e não mostra qualquer crescimento artístico. Os melhores momentos, aqueles mais intensos e melodicamente empolgantes, aparecem durante “Together”, “Power” e “Check This Out”. Essa última possui uma montanha-russa de sons elétricos que captam sua atenção com facilidade. A primeira faixa, “Stars”, possui um ritmo eletrônico bastante saltitante. Apesar de não ter nenhuma característica nesta música, Marshmello criou um fluxo cheio de excitação. O resto do “Joytime II” não vai muito além disso, já que cada música adere à mesma fórmula – que inclui linhas de baixo, sintetizadores, acúmulos de percussão e chimbais de inspiração trap. “Rooftops” centra-se na linha vocal, mas enquanto o refrão é envolvente, não tem o tipo de energia necessária para tal.
“Flashbacks” é alegre como a maior parte do registro, mas a transição da linha de baixo lhe torna inviável. Muitos podem argumentar que o “Joytime II” é um álbum divertido, mas a medida que as faixas vão passam, ele se torna cada vez mais entediante. Enquanto faixas como “Tell Me” imploram por um convidado, outras como “Paralyzed” não têm qualquer dinâmica. Ela abre com sintetizadores escuros pingando sobre o vocal – e aparentemente tenta replicar a abordagem dolorosa que Lil Peep popularizou. “Imagine” é chamativa e otimista, mas não de uma maneira indutora ou organizada. Quando chegamos no final fica claro que Marshmello não tem profundidade para criar um álbum completo. Desde os sintetizadores de “Stars” até a última faixa, “Joytime II” soa superficial e pouco inspirado. O DJ não mostrou qualquer evolução com este registro e simplesmente entregou um pacote de canções sem brilho. Não é um álbum muito técnico e não cria uma imagem clara do seu som. Há alguma variação entre o baixo e os sintetizadores que parece ideal em festivais de música eletrônica. Mas nada vai além disso. Assim como outros DJs, Marshmello possui uma canção de qualidade – no caso “Alone” – mas até o momento não conseguiu reproduzir sua excelência em outras canções.