No ano passado, Taylor Swift revelou que iria regravar suas antigas músicas. Foi um passo a frente da batalha contínua para recuperar a propriedade de sua música, depois que suas gravações masters foram vendidas sem seu conhecimento. Em 2019, Swift acessou o Tumblr para anunciar que sua antiga gravadora, Big Machine, havia vendido seus masters para uma empresa apoiada pelo executivo musical Scooter Braun. Como compositora, ela ainda detinha seus direitos de publicação, mas perdeu um pouco do controle, como a capacidade de escolher quando suas canções poderiam ser usadas em filmes ou publicidade. Mas ela não iria desistir sem lutar – Swift vai regravar toda a sua discografia e, desta vez, ela será a dona dos masters. O plano era criar novas versões de seus primeiros seis álbuns, dos quais ela manteria a propriedade e substituiria as versões antigas de seu trabalho. Agora, então, tivemos o primeiro gostinho de como serão essas novas gravações. Acabada de anunciar que o primeiro álbum que estaria regravando e lançando seria “Fearless” (2008) – seu segundo álbum de grande sucesso – ela compartilhou sua nova versão de “Love Story”, desta vez com o título de “Love Story (Taylor’s Version)”. Superficialmente, a nova versão possui poucas diferenças óbvias em relação ao hit original de 2008.
As duas músicas compartilham a mesma duração e arranjos quase idênticos, desde as arrancadas do banjo até os violinos antes da ponte. Ela também não mudou uma palavra da letra. No entanto, esta nova versão é uma explosão encantadora de nostalgia com uma produção sutilmente atualizada. Swift conseguiu manter o brilho e o calor que fez de “Love Story”, uma música que ela escreveu quando adolescente em seu quarto, um enorme sucesso. Realmente essa nova gravação permanece amplamente fiel a original. Além de pequenas mudanças – a produção é um pouco mais contida e os vocais estão mais maduros -, é difícil dizer a diferença. A saga de amor Romeu-Julieta tem uma intenção diferente agora. “Love Story” retratava uma saga entre um casal que transcendeu nos tempos modernos. Mas “Love Story (Taylor’s Version)” é um conto entre uma cantora e seus fãs. Então, mesmo que ela não seja mais uma adolescente, é uma viagem no caminho da memória para ela e seus fãs quando sua história tinha apenas começado. “Éramos ambos jovens quando te vi pela primeira vez / Fecho os olhos e começa o flashback”, ela canta nas linhas de abertura. Quando ela escreveu essas palavras em meados dos anos 2000, ela própria era uma adolescente, usando uma perspectiva futura imaginada para dar um pouco mais de profundidade à história romântica que estava elaborando.
“Love Story” é sobre o tipo de sentimento extravagante que você tem quando toda interação com sua paixão é de vida ou morte, de uma forma que só pode ser expressa por referência à peça de William Shakespeare. Na música original, ela transmite isso com uma performance vocal cheia de anseio. Todos nós sabemos o que aconteceu a seguir: “Love Story” se tornou o primeiro sucesso crossover da Taylor Swift, levando-a ao mais alto nível do estrelato antes dos 20 anos. Agora, aos 31 anos, ela é uma das compositoras mais definidoras de sua geração. Aqui, ela soa um pouco mais gutural, colocando um pouco menos de energia em seus compassos. Em vez de um ato brilhante, como foi em 2008, esta versão é cheia de emoção e complexidade. Mas com o passar dos anos, Swift também investiu na reinvenção, e seus últimos álbuns são quase antitéticos a quem ela era no “Fearless” (2008). Ela agora canta sobre o amor com ceticismo; ela faz alusão ao sexo; ela mergulha na dúvida e assume a responsabilidade pelo egoísmo. Mas antes disso, ela era uma adolescente sem medo da intensidade de seus desejos românticos e, embora “Love Story” não seja sua melhor música, ilustra seu poder imaginativo. Há algo maravilhosamente audacioso em uma adolescente reescrever a mais famosa tragédia de Shakespeare como, bem, uma história de amor.