Simbiatu ‘Simbi’ Abisola Abiola Ajikawo, mais conhecida por seu nome artístico Little Simz, é uma rapper britânica de ascendência nigeriana. Após o lançamento de quatro mixtapes e cinco EPs, ela lançou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “A Curious Tale of Trials + Persons”, em setembro de 2015. Simz acabou de abrir o seu próximo ciclo com a provável melhor música de sua carreira. Devastadoramente poderosa, “Introvert” pega tudo o que ela fez durante os últimos anos e se transforma em uma edificante canção de hip hop; grandiosa e cinematográfica da melhor maneira possível. Ao lado do seu colaborador de longa data, Inflo, Simz oferece poder, beleza e orgulho sob um fluxo poderoso e uma grande destreza lírica. Não tome o título como principal referência – não há nada contido ou isolado nessa música. O vídeo alterna entre uma rotina coreografada no Museu de História Natural de Londres e várias fotos da Little Simz movendo-se pelo interior da cidade, bem como flashes de pinturas de figuras históricas negras. A música é mais uma prova da genialidade do Inflo – há trompas cinematográficas, cordas, bateria pulsante, flautas e corais. Mas o verdadeiro poder de “Introvert” está na escrita; Simz explora temas como gentrificação, brutalidade policial, saúde mental e batalhas campais entre esquerda e direita.
“Eu sou uma mulher negra e orgulhosa”, ela canta antes de acrescentar, “Contanto que estejamos unidos, então já vencemos”. Instalando-se em seu ritmo, Simz explora as vertentes da feminilidade, com seu fluxo complexo capaz de definir e explodir na mesma frase. Há elementos de R&B do início dos anos 2000 na ponte cativante de Cleo Sol, mas com as batidas completamente enraizadas no hip hop. “Introvert” é uma colagem dramática de frustração, pesar e alegria apresentada através de um fluxo incomparável. Em mãos menos capazes, uma canção orquestral intercalada com versos de rap não seria impossível. Nas mãos da Little Simz, é uma tapeçaria bem tecida: um retrato da feminilidade moderna e, mais especificamente, uma mulher negra britânica de herança nigeriana usando sua voz, apesar das muitas forças trabalhando para silenciá-la. Por meio de “Introvert”, Simz fornece uma turbulência interna, examinando quem ela é como artista e pessoa. “Um dia eu estou sem palavras, no dia seguinte eu sou uma professora de palavras / Perto do sucesso, mas da felicidade eu estou mais longe“, ela diz com uma enorme carga de vulnerabilidade. “Olhe além da superfície / Não veja apenas o que você quer ver”. A mensagem é clara: a luta pela libertação negra não é nova. Porém, Little Simz não perdeu a fé – os tambores, as trompas e as cordas lideram o ataque.