“E•MO•TION: Side B” tem um potencial único, graças ao brilho exalado pelos sintetizadores e acessórios oitentistas.
Duas semanas atrás fomos surpreendidos por um novo material da Carly Rae Jepsen, intitulado “E•MO•TION: Side B”. O lado B do “E•MO•TION” (2015) foi anunciado justamente no primeiro aniversário do álbum. Um EP que apresenta canções inéditas de um dos discos pop mais aclamados de 2015. Obviamente, o som do lado B continua na mesma veia do álbum – sintetizadores oitentistas dominam a paisagem sonora. De acordo com Carly Rae Jepsen, ela lançou esse EP para presentear os fãs que a apoiaram durante sua última turnê. É tão estranho que um dos melhores álbuns pop de 2015 tenha tido um desempenho comercial tão baixo. “E•MO•TION” (2015) foi certamente uma das ofertas mais interessantes e criativas do ano passado. Jepsen pode ser mais conhecida como a cantora de “Call Me Maybe”, mas “E•MO•TION” (2015) é o seu maior pico criativo até o momento. Assim como o lado A, “Side B” está repleto de sintetizadores pulsantes, influências da década de 80 e um mar de nostalgia. Mais uma vez, as letras são uma mistura de amor, medo e felicidade. “E•MO•TION: Side B” começa exatamente onde o álbum original parou. “First Time” é um synth-funk com forte inspiração oitentista e melodias infecciosas.
Ela começa como uma gravação em fita cassete do seu próprio refrão – uma memória distorcida de si mesma, que é então rebobinada para o início do primeiro verso antes de se transformar em uma clareza repentina. A dificuldade em controlar suas emoções, depois de ter seu coração partido é o foco da canção. No entanto, dado o conteúdo lírico, sua abordagem é mais otimista que o esperado. A produção borbulhante de “First Time” apresenta vocais inesperadamente alegres e belos sintetizadores em sua borda. “Porque quando meu coração quebra, parece sempre a primeira vez”, ela canta – é assim que o tempo funciona nas canções da Carly Rae Jepsen. Ao longo do repertório, a inspiração oitentista prevalece, conforme ela canta sobre sintetizadores que, muitas vezes, são misturados à batidas de disco e funk. Essa combinação faz ela soar moderna e nostálgica na mesma proporção. Enquanto cada música se desdobra em texturas sintéticas dos anos 80, Jepsen lhes dá um acabamento moderno. Com uma introdução mais escura, a emocionante “Higher” é um dos melhores momentos do EP. É a única faixa do repertório que não foi co-escrita pela Carly Rae Jepsen. Produzida por Greg Kurstin, é um synth-pop vintage quase reminiscente de Ariel Pink e Toro y Moi.
“Você me leva mais alto do que o resto”, ela canta tentando lidar com seus novos sentimentos. Em “The One”, ela rejeita o conceito de um amor verdadeiro, em meio a letras mais aguçadas. Novamente, ela soa nostálgica graças a produção inspirada nos anos 80. Na superfície não há nada singular, mas se ela destaca pela composição global. Igualmente à “First Time”, os fãs tiveram oportunidade de ouvir “Fever” um tempo atrás. A canção havia sido incluída no “Emotion Remixed +” (2016) – álbum lançado exclusivamente no Japão em março desse ano. Apesar de ser mais discreta, é uma balada encantadora que apresenta sentimentos unilaterais depois de uma separação. “Então eu roubei sua bicicleta, e pedalei a noite toda”, ela canta no mágico pré-refrão. “Body Language”, por sua vez, possui letras carregadas de ansiedade – uma canção sobre a necessidade de ficar com alguém. Como boa parte do EP, ela também possui influências dance do final dos anos 80. “Cry” é inegavelmente um dos momentos mais encantadores do EP. Uma balada midtempo temperamental carregada de melancolia; as letras falam sobre um parceiro que está distante e não pode passar uma noite com você.
A nebulosa instrumentação é carregada por brilhantes sintetizadores e um forte bassline. “Store” possui letras divertidas que ilustram o fim de uma relação amorosa. Sua premissa é um pouco infantil e o refrão repetitivo e desprovido de conteúdo. No entanto, embora o refrão deixe a desejar, os versos são incrivelmente agradáveis e os sintetizadores simplesmente fantásticos. O EP encerra com a mágica “Roses”, outra canção sobre a decisão de não reatar um relacionamento amoroso. Ela apresenta diferentes métodos vocais, desde sussurros sensuais até uma natureza mais melancólica no refrão. “E•MO•TION: Side B” é mais uma prova do talento da Carly Rae Jepsen, independentemente do seu sucesso nos charts. Ela supostamente escreveu mais de duzentas canções para o seu terceiro álbum de estúdio, por isso resolveu dar esse aperitivo para o público. Apesar de todas as faixas conter um pano musicalmente semelhante, o projeto não soa repetitivo. Percorrendo um caminho inspirado na música oitentista, o EP apresenta canções tão grandes quanto as que fizeram parte do álbum original.