A maior parte das músicas parecem subdesenvolvidas. Wiz Khalifa ainda não está pronto para içar o que é essencialmente um álbum duplo.
Em 13 de julho de 2018, Wiz Khalifa finalmente lançou a sequela do “Rolling Papers” (2011). Naquela época, o álbum liderado pelo hit “Black and Yellow”, foi bem nos charts e obteve uma boa recepção do público. Desde então, Khalifa teve alguns bons momentos, mas nunca alcançou a mesma força do seu terceiro álbum de estúdio. Seu reinado aconteceu de 2010 a 2014 e, apesar de suas rimas tipicamente superficiais, ele fez um nome para si mesmo ao permanecer fiel à sua essência. Embora a qualidade de sua música tenha diminuído nos últimos anos, ele ainda merece atenção. Com uma popularidade muito menor, seus dois últimos álbuns – “Blacc Hollywood” (2014) e “Khalifa” (2016) – nos levam diretamente para o “Rolling Papers 2”. Com vinte e cinco faixas, este álbum parece mais uma maratona do que um registro musical. Wiz Khalifa não economizou no número de faixas, tempo de execução e artistas convidados. Além do próprio Khalifa, o LP possui 90 minutos de duração e a presença de Jimmy Wopo, Hardo, THEMXXNLIGHT, Curren$y, Snoop Dogg, Gucci Mane, Swae Lee, PARTYNEXTDOOR, Chevy Woods, Darrius Willrich, Lil Skies, Problem, Bone Thugs-n-Harmony e Ty Dolla $ign. Discos inchados como esse são muito cansativos e exagerados.
O “Rolling Papers 2” certamente se beneficiaria de uma melhor edição. Ficou nítido que Khalifa tentou se beneficiar da era do streaming, dado a quantidade de faixas do repertório. Na grande maioria das músicas, temos ganchos repetitivos e redundantes, e as mesmas linhas sobre drogas, dinheiro e mulheres. Quando se trata de Wiz Khalifa, não espere brilhantismo artístico. Esteja disposto a olhar para além das linhas recicladas, desde que haja outros resultados. Porque se você não está dando substância lírica ou produção de ponta, por que alguém vai querer ouvi-lo? Eu devo dizer que este álbum não é de fato bom. Das duas dezenas de faixas, apenas sete ou oito são aproveitáveis. E olha que estou sendo generoso. Existem cerca de quatro, talvez cinco, rappers ativos que podem produzir álbuns de 90 minutos. Nenhum deles jamais tentaria, no entanto. Porque, simplesmente, é uma ideia ruim. A única finalidade de um álbum com vinte e cinco faixas é o lucro do streaming. Não é justo que os fãs tenham que ouvir álbuns tão ruins e supérfluos como o “Rolling Papers 2” por causa disso – uma sequela sem sentido do “Rolling Papers (2011). Ademais, o Wiz Khalifa passa a maior parte do tempo ofuscado pelos próprios convidados.
A última coisa que quero discutir é a produção, que é tão bagunçada quanto a tracklist em si. Não vejo este registro como um bom acompanhamento para o “Rolling Papers” (2011), mas a principal razão para isso é justamente o tempo de execução inchado. “Rolling Papers” (2011) estava longe de ser lírico, mas pelo menos compensava com uma audição acessível, de um ponto de vista puramente musical. Não sei por que o Wiz Khalifa achou que lançar um álbum tão longo seria uma boa jogada. O LP começa com “How Now”, que é mais uma reintrodução do seu antigo fluxo que lhe valeu reconhecimento em mixtapes como “Kush & Orange Juice” (2010) e “Cabin Fever” (2011). Mas, no segundo verso, ele muda para o seu novo estilo, que incorpora mais auto-tune à medida que apresenta seu pop-rap. Esta fórmula pode ser observada em todo o álbum. “Hot Now”, assim como “Ocean”, são duas faixas de abertura muito fracas que preveem a maior parte do material – Khalifa nunca foi concebido para ser um rapper de trap, mas todos aparentemente se adaptam a este molde hoje em dia, independentemente disso. As linhas cantados soam muito menos exuberantes do que aquelas apresentadas em faixas como “Roll Up”.
Seu fluxo deixa muito a desejar e não possui habilidade técnica para elevar os instrumentais mal-humorados que estão na moda no momento. O seu fluxo desanimado e ligeiramente fora de ordem não se alinha na maioria das ocasiões, mas quando algumas músicas ficam mais enérgicas, ele demonstra habilidades que podem exceder até mesmo suas características. Dito isto, Khalifa entrega facilmente o seu melhor verso em “Blue Hunnids”, ao acelerar o fluxo e criar uma entrega com mais emoção. A produção desta faixa é intransigente e ajustada em tom menor, ao passo que capta a vibração da Costa Leste. Faixas como “Rolling Papers 2” e “B Ok” possuem algumas das letras mais pessoais e convincentes que ele já cuspiu. Khalifa fala sobre suas estratégias para evitar ser pego na extravagância da fama, seu relacionamento com Amber Rose e até mesmo a morte de sua irmã. “B Ok”, em particular, está entre as músicas mais pensativas e reflexivas de sua carreira. Ela realmente possui um maior peso emocional. A dupla de gêmeos idênticos, relativamente desconhecida, THEMXXNLIGHT, oferece um gancho em “Mr. Williams / Where Is the Love”, que também tem um verso tecnicamente habilidoso do Curren$y.
Os convidados se saem melhor do que o esperado e fazem com que os vocais arrastados do Wiz Khalifa soem ridiculamente fora do lugar. “Penthouse”, com o Snoop Dogg, é outro exemplo da boa participação de um convidado. Felizmente, ambos mantém uma boa química sobre o instrumental de piano. O verso do Snoop Dogg é absolutamente hilário. “Real Rich”, com Gucci Mane, é cativante demais para se evitar. Mas infelizmente ela dura apenas 2 minutos e oferece pouco conteúdo lírico. Um bom momento solo acontece na luxuosa “Bootsy Bellows”, caracterizada por sua linha de baixo robusta e bateria empoeirada. Enquanto isso, “Hopeless Romantic” traz a voz melódica do Swae Lee para o centro do palco. É uma música essencialmente agradável, com melodias cativantes, boas batidas e um verso com melhor cadência do Wiz Khalifa. “Late Night Messages” pode ser o exemplo mais notório de todos os aspectos negativos do “Rolling Papers 2” – já que ele tenta colocar seus vocais cheios de auto-tune no refrão. O resultado é bastante inaudível, visto que não há qualquer harmonia real.
Nós já tivemos a oportunidade de ter uma ideia de quem Khalifa é, para o bem ou para o mal, mas vê-lo perseguir tendências assim é tão decepcionante, uma vez que ele não é exatamente um dos rappers mais talentosos ou inovadores por aí. “Fr Fr” mostra que o Lil Skies tem muito mais potencial do que algumas de suas contrapartes do SoundCloud. Além disso, é bom ver outro rapper da Pensilvânia, de duas gerações diferentes, unindo suas forças. A breve “Gin and Drugs” pode não ser caracterizada por sua profundidade, mas a união com o Problem é infecciosa. Além disso, Wiz Khalifa adiciona um pouco mais de consistência em seu verso, enquanto a música é fortemente inspirada pelo G-funk. Por fim, o registro termina com uma nota exuberante chamada “Something New”, com participação do Ty Dolla $ign. Com 25 músicas e 90 minutos de duração, o pensamento de ser um álbum curto ou EP é imediatamente descartado. Mesmo com o posicionamento estratégico da numerosa lista de convidados, este disco soa extremamente decepcionante. Em outras palavras, “Rolling Papers 2” pode ter sido um álbum legitimamente bom se fosse cortado pela metade.