Slowthai foi totalmente inevitável no ano passado. Seu lançamento mais recente, “Runt” (2018), foi amplamente creditado como um dos melhores projetos de hip hop ou grime do ano. Em certo sentido, lembra o “Boy in da Corner” (2003) do Dizzee Rascal; uma recapitulação crua e corajosa de sua vida até agora e, da mesma forma que o icônico álbum de estreia do Dizzee, parece uma mudança que o gênero necessita. Slowthai adora transmitir alguma mensagem com sua música. A maior parte do EP possui uma colagem de cenas violentas e decadentes de sua infância. Com o seu novo single, “Doorman”, ele apresenta outra história instigante. As últimas palavras ouvidas antes do início, retiradas do que soa como uma entrevista, são surpreendentemente sombrias: “Você vai chutar a cabeça”. O rapper então começa uma crônica desmedida de uma noite nas ruas: ele fuma cigarros, vê uma garota que “nunca fala” e bebe até as paredes girarem.
Para “Doorman”, ele recrutou o produtor Mura Masa, que já trabalhou com Stormzy, Charlie XCX e Vic Mensa. No papel, é uma colaboração incrível; indiscutivelmente um dos rappers e produtores britânicos mais promissores do momento. A bateria de ritmo rápido está na vanguarda – uma clara homenagem ao punk. Aqui, porém, Mura Masa deu à “Doorman” uma quantidade adequada de guitarras, vocais distorcidos e bateria que chutam a música para a frente e para trás. Slowthai disse em um comunicado à imprensa que escreveu “Doorman” depois que viu pinturas de milhões de dólares em uma parede de Londres – uma disparidade de riqueza que “o deixou doente”. Essa doença sacode sua voz e o faz cuspir palavras destinadas à “alta sociedade”. Ele sabe como gritar contra um barulhento ruído de fundo. O mesmo se inspirou simultaneamente no punk e grime para atacar os ricos com desdém. Enquanto destaca a enorme disparidade de riqueza, ele provavelmente está se tornando cada vez mais bem-sucedido. É o formato mais punk que o slowthai já soou – uma crítica adequada para alguém cujo gênero predominante é o grime. “Doorman” me deu esperança de que estamos apenas começando a ver do que o jovem de 23 anos é capaz.
