No final de 2013, enquanto se envolvia em várias controvérsias que ameaçavam prejudicar sua imagem adolescente, Justin Bieber lançou o que ainda permanece como o seu projeto mais experimental. “Journals” (2013), uma coleção compilada em um total de quinze faixas, se inclinou fortemente para o R&B. O projeto continua sendo um ponto fora da curva em sua discografia. Em 2015, Bieber se desculpou por suas transgressões juvenis e surfou pelo dance-pop do “Purpose” (2015). No entanto, “Journals” (2013) continua sendo um dos favoritos dos fãs, além de ser uma audição sólida para qualquer apreciador de R&B. “Yummy”, o seu novo single, inicia o que promete ser um 2020 agitado. O Bieber do “Journals” (2013) era desprezado, insatisfeito e procurando dentro de si um sentimento de perdão; enquanto o Bieber de “Yummy” é felizmente casado, confiante e pronto para cantar sobre sexo conjugal. É um pequeno número de R&B dirigido a Hailey Baldwin, a modelo e apresentadora de TV que se casou com ele em 2018. Há algo de interessante no abraço que Justin Bieber dá no R&B – ou no R&Bieber, como infelizmente ele chama – após se interessar por EDM, country e pop latino.
Produzida por Kid Culture, Sasha Sirota e o colaborador frequente Poo Bear, “Yummy” presta uma homenagem embaraçosa à sua esposa e vida sexual. “Estou feliz que você seja minha mulher”, ele canta. “Você tem esse jeito gostoso, gostoso, gostoso”. Faz cinco anos desde que ele lançou seu último álbum, e as expectativas para seu retorno eram altas. Com algumas colaborações lançadas em tal período, todos ficaram curiosos para ver por qual direção ele seguiria. Infelizmente, “Yummy” não é o sucesso imediato que ele e sua equipe esperavam. A letra é simples e tola o suficiente para se alojar em seu cérebro. Mas é fácil esquecer o conceito por causa de sua voz murmurada e tendências desatualizadas, principalmente quando o refrão recua com a simples repetição de “that yummy-yum, that yummy-yummy”. Bieber está se esforçando tanto para ser legal, mas a escolha de uma palavra tão boba quanto “gostoso” faz com que ele pareça mais um pré-adolescente do que um jovem adulto de 25 anos. Os produtores optaram pelo minimalismo na instrumentação, fundindo teclas arejadas com batidas de trap. Com esse tipo de apoio musical, os vocais e as harmonias são capazes de deslizar sem esforço – é uma pena que ele não tenha muito a dizer. É malditamente contagioso, mas de alguma forma, “Yummy” ainda parece infantil, entediante e sem inspiração.