Com sua produção encantadora, “I’m Your Empress Of” é alimentado por uma imprudência inebriante e infecciosa.
Escrita em um intervalo de dois meses em seu estúdio de Los Angeles, “I’m Your Empress Of” é um álbum profundamente pessoal. As letras são reflexos de uma mágoa e resumem sucintamente suas emoções. Uma jornada tipicamente introspectiva e abertamente sexual que destaca sua mãe como uma influência importante no seu desenvolvimento, tanto como mulher quanto como compositora. Dito isto, várias faixas contém palavras de sua mãe, que recita mensagens como: “Faça de você a mulher que ninguém vai maltratar”. A herança hondurenha-americana da Empress Of também se manifesta na produção, portanto, há batidas de inspiração latina por toda parte. O álbum é expressivamente percussivo, mas os padrões e timbres de sintetizadores também foram habilmente escolhidos. Embora exista uma falta de variação estrutural, todas as faixas seguem uma fórmula vencedora e poucas ultrapassam a marca de 3 minutos. “I’m Your Empress Of” atua como um portfólio dos seus talentos como produtora, uma vez que fornece uma visão orientadora no papel executivo. Rodriguez escreveu o álbum confinada em sua casa, e os resultados refletem esse sentimento de isolamento. De fato, é uma coleção honesta, insular e empoderadora. Entre o neon dos sintetizadores e a percussão líquida, ela se abre sobre suas próprias inseguranças e desejos.
Ela prova que narrativas pessoais e o dance-pop podem coexistir alegremente. Seu nome artístico foi inspirado por uma carta de tarô de uma imperatriz – um símbolo de maternidade, fertilidade e força. Embora ela trabalhe sutilmente com esses princípios, aqui ela atinge um novo pico. “I’m Your Empress Of” é definitivamente um passo a frente – um álbum que abraça suas falhas enquanto traz de volta o som alternativo de sua estreia. É também uma história de desgosto, desespero e compreensão. Lorely Rodriguez está determinada a falar sobre todas as cicatrizes e machucados que adquiriu no passado. “I’m Your Empress Of” também é uma imagem espelhada de força e coragem, que provém não apenas da tristeza, mas também de se tornar uma mulher empoderada. Na faixa-título, ela começa repetindo o título sob um riff de piano pulsante, antes de dar lugar à voz de sua mãe, que lembra como foi ir para os Estados Unidos e aprender um idioma totalmente novo. Como escreveu e produziu boa parte do álbum, Empress Of parece totalmente sintonizada com as facetas de sua identidade. Confiando em suas ideias e assumindo essa missão, ela imbuiu o álbum com vivacidade. Dos sintetizadores afiados de “Bit of Rain” até a paisagem distorcida de “Awful”, somos guiados por seus incríveis e doces vocais.
“Bit of Rain” é particularmente sexy e captura a tensão sexual dos vocais cristalinos, quando ela admite: “Eu amo a troca, quero você debaixo de mim”. “Void” mantém o ritmo caloroso com elementos de salsa e graves profundos, recontando a luta interna de Rodriguez consigo mesma depois de uma briga. O conflito central da música é novamente justaposto com trechos dos conselhos de sua mãe: “Mulher é uma palavra, mas você se torna a mulher que deseja ser”. O álbum constantemente transforma sua energia; o glamour do primeiro single, “Give Me Another Chance”, foi muito bem colocada na tracklist – ele aparece depois de seis músicas que mostram um crescimento mais gradual. “Love Is a Drug”, por sua vez, utiliza uma abordagem mais clássica, com sintetizadores, elegantes batidas e melodias irresistíveis, além de ser um bom complemento para “Give Me Another Chance”. Mais uma vez, Empress Of consegue alcançar alturas indutoras de adrenalina e euforia. O limbo entre ter alguém e perdê-lo, implorar para tê-lo de volta e a falta de afeto obscurece seu julgamento. A suplicante “Maybe This Time” fornece um contraste apropriado enquanto apresenta batidas influenciadas pelo pop latino. “Hold Me Like Water” é particularmente uma das minhas faixas favoritas – uma música lenta e auto reflexiva sobre querer se conhecer melhor para ser capaz de conhecer o seu próprio namorado.
As letras mostram que ela está adotando uma diretiva em seu relacionamento, a partir dos conselhos de sua mãe no início do álbum. “Hold Me Like Water” tem uma maneira lindamente poética de capturar a paixão de um novo relacionamento. Embora a produção seja delicada, suas palavras são pesadas e possuem propósito. Em tudo isso, há graça, equilíbrio e firmeza, mesmo em seu momento imperfeito e ferido. Posteriormente, a carga de tambores agita “Awful” com finalidade, ao passo que ela aceita a mudança. O refrão emocionante termina com uma nota poderosa, quando ela grita: “Nada é sagrado, nada parece quando você me abraça”. “Awful” fornece uma conclusão catártica para um projeto repleto de emoção e energia – uma celebração da individualidade e do amor. Onde os álbuns anteriores da Empress Of começaram uma exploração do eu – no contexto de um relacionamento – “I’m Your Empress Of” usa o coração partido para se conectar com suas raízes. Feito ao longo de uma pausa de dois meses de sua turnê, o álbum processa seus sentimentos de tristeza com uma rapidez impressionante. “I’m Your Empress Of” tem 33 minutos arrebatadores – dessa vez, Lorely Rodriguez assumiu o controle total do seu ofício. Como resultado, muitas faixas usam suas influências, da salsa à house music – de fato, o álbum emite um forte senso de identidade.