Em seu sétimo álbum, The-Dream cavou fundo mais uma vez em suas composições para falar sobre o seu assunto favorito: sexo.
Há pouco mais de uma semana, Terius Nash revelou a tracklist de seu novo álbum de estúdio, “Sextape Vol. 4” – estilizado como “SXTP4” -, que ele mencionou originalmente há um ano juntamente com os volumes 5 e 6. Parece que o aclamado cantor e compositor deseja fazer o melhor uso do tempo disponível na quarentena. Para quem não sabe, The-Dream possui créditos de escrita em muitas canções conhecidas pelo público. “Me Against the Music” (Britney Spears), “Umbrella” (Rihanna), “Single Ladies (Put a Ring On It)” (Beyoncé), “Touch My Body” (Mariah Carey) e “Baby” (Justin Bieber), apenas para citar algumas. Lançado ontem, “SXTP4” serve como seu sétimo álbum de estúdio. “Honestamente, eu não queria divulgar o que está acontecendo no mundo e aqui”, ele afirmou no Instagram. “Eu tinha tantas pessoas me dizendo, música é o que precisamos agora mais do que nunca”. De acordo com a tracklist, há apenas um convidado no álbum, a cantora Jhené Aiko. “SXTP4” também servirá como acompanhamento do “Ménage à Trois: Sextape Vol. 1, 2, 3” (2018), o enorme álbum de três partes que ele lançou em dezembro de 2018. Com um total de 13 faixas, esse projeto fará você ter vontade de apagar as luzes e deslizar entre os lençóis com alguém especial.
Quando todo mundo ficou preso por causa da quarentena, The-Dream disse que os fãs começaram a buscá-lo por novas músicas, então ele decidiu dar ao público o que ele pedia. Esse foi o primeiro sinal real de que o álbum estava finalmente a caminho. Nash, que recentemente também lutou contra Sean Garrett no Instagram Live como parte da série “Verzuz” de Timbaland & Swizz Beatz, promoveu o álbum principalmente nas redes sociais. A maior parte do repertório, como esperado, é formado por lentas fatias de R&B – o que é perfeito para esse período de quarentena. Assim como “Ménage à Trois: Sextape Vol. 1, 2, 3” (2018), também é um lançamento independente por meio de sua marca na RadioKilla Records. Com hits como “Shawty Is Da Shit”, “I Luv Your Girl” e “Rockin’ That Shit” em seu currículo, The-Dream está de volta com o quarto capítulo de sua sequência de mixtapes. Com um total de 47 minutos, “SXTP4” está repleto de canções de amor incrivelmente sensuais. Provavelmente, a faixa mais esperada foi justamente “Wee Hours”, com Jhené Aiko – àquela que nos leva de volta ao início dos anos 2000 com seus tons de alta frequência. Dream também disse, brincando, que nunca há um momento ruim para lançar um álbum.
E que, se ele quisesse, poderia divulgar algo novo todos os dias pelas próximas quatro semanas. Mas o principal questionamento é: o lançamento de um projeto com vários meses de atraso durante uma pandemia global é uma boa ideia ou não? Essa é a pergunta que muitos artistas devem estar fazendo nesse momento delicado. Felizmente, Dream é um daqueles que preferiu lançar um novo material para satisfazer o tédio dos fãs. Para quem não se lembra, seu último álbum abriu com o som de duas pessoas transando em uma tempestade. Certamente, ele passou anos de sua vida escrevendo sobre sexo. Dito isto, “SXTP4” apresenta o ato sexual sem qualquer tipo de barreira – ele é basicamente um retrocesso para o R&B mais explícito. Assim como no “Ménage à Trois: Sextape Vol. 1, 2, 3” (2018), a entrega de suas composições e insinuações sexuais brilham de vez em quando – mesmo que o repertório seja muito menor. Sem dúvida, “SXTP4” é outro álbum tranquilo que reúne um quinhão satisfatório de R&B, hip hop, pop e soul. “Hard 4 Me”, por exemplo, é uma canção despojada produzida em meio a sintetizadores incrivelmente agradáveis. O vazio deixado pela instrumentação abre espaço para sua voz melódica e igualmente divina. Liricamente, Dream convida uma pretendente para ir à sua casa depois do trabalho.
“Venha direto aqui e tire essa porra / Suba neste trem e não pare, não desça”, ele canta. As próximas duas faixas, “Notice” e “Spiritual”, parecem versões de uma mesma música. No entanto, mais uma vez, Nash explora uma direção sexual atraente. “Hard 4 Me” é possivelmente a melhor faixa do álbum, consequentemente, o restante do repertório soa relativamente mais fraco. Entretanto, tudo merece ser explorado da forma correta. “Coltrane”, a título de exemplo, possui uma partitura de piano descartável, mas não deixa de ser uma canção perturbadora. Outro momento notável é “Fuck My Brains Out”, aparentemente retirado de suas gravações mais antigas. Essa música não soaria estranha se estivesse presente na tracklist do “1977” (2011) – se encaixaria como uma luva naquele álbum. Seu acabamento e ritmo demonstram suas habilidades como nenhuma outra no “SXTP4”. Na mencionada “Wee Hours”, Nash provoca um estilo vocal característico, isolando as sílabas até se transformarem na própria melodia. Aiko surge cheia de tesão dizendo que possui laços no cabelo caso precise que suas mãos sejam amarradas. À primeira vista, “Wee Hours” parece uma doce canção de amor. Mas não se engane com sua suavidade, porque o tema é extremamente obsceno e libidinoso. Quando você tiver a oportunidade, ouça esse álbum, eu garanto que a escuta vale a pena.