TOKIODK é um artista independente da Zona Oeste do Rio de Janeiro e ex-integrante do Pragas Rare; Hoje, ele integra um coletivo de destaque na cena, o Covil das Bruxas. Após um ano do lançamento do EP “Mal Necessário”, o artista carioca nos apresenta seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Antiherói”. O novo projeto fornece uma grande evolução e maior diversidade nas linhas de rap. “Antiherói” aborda duas vertentes novas e pouco vistas no Brasil, o grime e drill. Mas além dos gêneros famosos no Reino Unido, TOKIODK ainda tem muito a oferecer musicalmente, pois traz o melhor do underground ao relatar sua realidade carioca. Na nona faixa, “Dia de Baile”, podemos observar a versatilidade do artista ao trazer uma sonoridade diferenciada.
De fato, TOKIODK segue vivendo uma crescente no hip hop. Chegando bem acompanhado na vibe do drill e unindo forças com o produtor Xizoh, ele aborda como o crime pode ser uma ordem decrescente na vida e na arte, mostrando os lados negativos e positivos em linhas agressivamente conceituais; Decerto, ele abrange os dois lados da moeda, mostrando que o crime tem seus ganhos, mas também muitas perdas. Aqui, seu fluxo está impecável como sempre, mas o mais importante, ele está rimando em um sentido metafísico. O que posso dizer é que “Dia de Baile” parece uma versão distintamente brasileira da música drill – embora seja inatamente superior e mais lírica do que muitas músicas britânicas do gênero. O lirismo TOKIODK ajuda a contextualizar a música como uma extensão natural do seu apetite musical onívoro. Você observa a maneira como ele se comporta, a maneira irreverente com que fala gírias, e você rapidamente fica hipnotizado. É uma fusão irresistível de confiança, crueza, exuberância e autocontrole.
TOKIODK passou a maior parte do ano fortalecendo sua narrativa confessional e, consequentemente, podemos notar uma grande evolução nessa faixa. O seu rap é uma longa exalação e ao mesmo tempo um suspiro dolorido, ao passo que a guitarra deslizante, o sintetizador abatido e a batida texturizada cobrem o terreno aqui. Em “Dia de Baile”, TOKIODK evita a narrativa linear para transmitir sua mensagem cheia de referências a armas, drogas e violência – uma pausa na fria aleatoriedade da mortalidade – por meio de imagens e momentos reais. Em menos de 2 minutos, tudo se desenrola como uma enxurrada de memórias. Ele abre com um fluxo compacto que o leva a uma performance linear e coerente. “Sacos pretos com muitas notas / Tudo de venda de droga / Notas não tem sentimento / Notas tiram teu sentimento / Hoje é dia de sofrimento dispara esse pente pro aquecimento”, ele cospe no primeiro verso, antes de fazer uma série de perguntas no refrão: “Qual motivo eu tenho pra não atirar em você? / Qual motivo eu tenho pra não traficar pro teu filho? / Qual motivo eu tenho pra não te assaltar quando não vender?”. Quando TOKIODK está no seu melhor, você o sente olhando diretamente nos seus olhos.