“A arte de não morrer” é a segunda e última amostra do álbum “Coração Bifurcado”, de Jards Macalé. O novo single retoma a parceria de Macalé com o poeta e compositor baiano José Carlos Capinan, com quem o artista carioca começou a fazer música na segunda metade da década de 60. Com auxílio do maestro Antônio Neves no arranjo dos metais – que inclui, trompete, trombone, tuba, flauta, saxofone e clarinete –, “A arte de não morrer” é simplesmente belíssima. Liricamente, a canção fala das várias formas de amar e das maravilhas de viver. Depois de presentear o público com a faixa-título do LP, no início de março, o músico fluminense reflete sobre a morte durante o período de instabilidade que o mundo viveu na pandemia.
Com seu vocal grave, Macalé vende uma musicalidade adorável e difusa. A música, uma coleção de notas escolhidas a dedo e imagens fantasiosas, é o tipo de descoberta que você embala atentamente. “A arte de não morrer / No tempo de todas as dores”, ele murmura. Macalé viveu sua vida silenciosamente, mas sua perspectiva é completamente humana – preocupada, até mesmo dolorosa, pelas questões nebulosas que está ponderando. A música recria uma sala vazia o suficiente para acomodar quantas vozes forem necessárias. “A arte de não morrer” é sombria, tensa e agourenta, com uma pitada de jazz na leve bateria e no som áspero dos metais. A música de Jards Macalé costuma ser melancólica e reconfortante em igual medida, oferecendo explorações instrumentais de um cenário ou situação com um realismo emocional. Em “A arte de não morrer”, sua preocupação finalmente emerge em grandes fios de notas, todas presas em emaranhados que ele desfaz e junta novamente. Previsto para abril, “Coração Bifurcado” foi gravado sob direção artística de Romulo Fróes e direção musical do próprio Macalé.